Tá se escondendo de quem?
- yamyogabr
- 30 de mai. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 31 de mai. de 2021
Acordar cedo, tomar banho, preparar o café, escolher a roupa pra ir ao trabalho... Por anos fiz isso. (no tempo em que não tínhamos que conviver com um vírus que obrigou todo mundo a ficar em casa essa era a rotina da maioria, né!?)
Até que um dia, sem mais nem menos, fui demitida. Como parte de um corte geral, entrei na leva da empresa. Entendi então que era este o momento para eu dar uma virada na minha vida profissional – e pessoal! Se não estava contente com o que vinha construindo há anos, era a oportunidade de arriscar.
Isso aconteceu num fim de setembro, mas por coincidência (ou não) eu já estava num movimento de transformação, reduzindo gastos e tirando supérfluos – isso quer dizer vender o carro, cortar TV a cabo, reduzir contas, parar de gastar com roupas e coisas que a gente sabe que não precisa e faz por consumismo. Havia iniciado fazia pouco mais de um mês minha primeira formação em yoga.
Bom, o emprego já era. O curso estava interessante, mas ainda tinha uma longa jornada pela frente (a duração era de 1 ano). O que fazer então???
Me joguei nos freelas. Acionei amigos e contatos. Até fiz algumas entrevistas, mas entendi que não adiantaria mudar de empresa se o que queria era mudar tudo.
Foi aí que me peguei numa paranoia: eu mantive a mesma rotina de sempre. Acordava cedo, tomava banho, café da manhã, me arrumava e sentava no computador. Almoço? Só das 12h às 14h. Nada de sair durante o “expediente”. Nada de pijamas. Cheguei a loucura de manter as janelas fechadas por meses durante o dia. O que os vizinhos pensariam de mim? Mercado, caminhadas e até aulas de yoga ou circo, só cedinho ou após o trabalho. Visitas, tardes sem nada pra fazer? Não me permitia.
Somado a isso tem o julgamento e os questionamentos dos que estão por perto. Aquele: “e agora, como você vai fazer?”. Aí bate o medo, a ansiedade, as preocupações... afinal, as contas seguem chegando normalmente. Quem mora sozinho entende que não dá pra bobear.
Foi um longo processo aceitar todas as mudanças. Tinha vergonha. Mas não entendia. Vergonha de quem? De que? Como romper com esses personagens que criamos? Como acreditar que é possível ter dinheiro e sucesso não estando engessada num modelo.
Aos poucos enxerguei que a aceitação era muito mais minha do que dos outros. Eu precisava deixar aquelas crenças para trás. Meu novo dia a dia tinha que ser diferente. Era importante mudar, deixar hábitos. Entendi que estava me escondendo de mim. Presa num rótulo, num personagem, num padrão que criei. Trabalhar então significa estar num escritório de 9h às 18h? Não mais.
E foi assim que, em meio a freelas, estudos sobre yoga e uma nova rotina que comecei a construir o que queria para mim. Um universo de incertezas? Talvez. Porém, incertezas de coisas que não dependiam de mim. Porque o meu coração dizia: Não desiste não. Agora que você já está aqui, só olha pra frente. Foi o que eu fiz.

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