Quem está diante de você?

“Conduzir o corpo do outro é sobre o outro, onde “toda teoria é uma suposição”.

Ouvi essa frase durante uma aula com a professora Sabrina Schwab, em um curso que fiz sobre Yoga Acessível para Trauma. Ficou na minha cabeça.

Desde então minha maneira de conduzir os alunos tem mudado. Talvez eu nunca tivesse parado para pensar, mas eu, como professora, facilito a prática. Guio. Sugiro. Porém, cada um vai sentir aquilo que estou propondo a sua maneira. Cada corpo traz uma história, uma possibilidade, os seus próprios limites. Cada um guardou ali lembranças, vivências, experiências distintas.

Por isso, venho me preocupando ainda mais em entender diante de quem estou. Quem são as pessoas que chegam até mim? Quem está ali do outro lado, em cima de um tapetinho na minha frente?

Claro que isso é possível, especialmente, em aulas individuais, grupos pequenos ou até em turmas maiores, mas com aqueles alunos que mantêm uma prática regular ou que tenho um contato maior. De qualquer maneira, percebo o quanto é valioso entender que diante de mim todo aluno é particular e único.

E percebo também que por mais que eu prepare aulas, monte sequências, sugira movimentos ou posturas, a realização e o efeitos serão individuais e, muito possivelmente, diferentes do que foram para mim. Vejo a importância de sugerir adaptações, apontar possibilidades, sair do certo e errado engessado.

Além disso, a forma de conduzir, a maneira de estimular, o jeito de receber o aluno... Noto que tudo isso faz diferença. Hoje me preocupo mais em como dizer, nas palavras que uso. Seja na linguagem verbal ou até na física. Na postura, na maneira de acolher e estar presente.

É assim que cada aluno, cada aula, cada corpo e história que chega até mim me ensina um pouquinho todo dia.